quarta-feira, 16 de julho de 2008

IMPEDIMENTOS AO AVANÇO DA OBRA MISSIONÁRIA

ALBERTO HARTEL

Temos visto um crescimento extraordinário nas ultimas décadas na América Latina. Mas toda bênção implica em responsabilidades.
Esse crescimento não se reflete na quantidade de missionários transculturais enviados pelas igrejas da atualidade. O que impede a igreja latina americana de enviar mais missionários ao campo? Vejamos alguns possíveis impedimentos:

1. Situação econômica - Se fizermos uma pesquisa entre os crentes para saber por que não enviamos mais missionários, por certo a primeira grande resposta será a situação financeira. Se esta resposta estiver correta, então o que faremos? Temos que considerar que o Senhor não disse “ide por todo mundo e pregai o evangelho a toda criatura, sempre que tiverem dinheiro suficiente”. O envio de missionários não está colocado em dependência da economia do país.

2. Falta de Visão - Muitos ainda vivem da visão das primeiras décadas do século XX, quando a América Latina era um campo que necessitava de missionários estrangeiros. Agora somos um celeiro de missionários para o mundo. Se nossa visão alcança a idéia que nossa economia não é suficiente para enviar missionários, precisamos lembrar que, se os milhões de evangélicos latinos americanos estiverem unidos grandes obras poderão ser feitas.

Se cada crente contribuísse por mês ainda que fosse com o valor equivalente a um refrigerante, seria possível enviar mil dólares por mês para mais de 20 mil missionários. A visão pode mais que o dinheiro. Às vezes cantamos: “levanta os teus olhos e vê os campos brancos para a ceifa”, mas resolvemos não fazer nada. Aquele que tem visão levanta seus olhos e entende que tem a responsabilidade da evangelização do mundo. Quando Paulo teve a visão em Trôade (At 16.9,10) entendeu que teria que responder com ação. Levantou-se e foi a Macedônia. Levantemos nossos olhos neste século.

3. Falta de conhecimento - Não vamos nos preocupar com as coisas que não sabemos. Muitos não percebem as necessidades espirituais do resto do mundo. Por causa da falta de informações perdemos grandes oportunidades. Seguimos vivendo outra possibilidade porque não sabemos em que consiste nosso chamado. Alguns conhecem o que foi dito em Oséias 4.6: “O meu povo foi destruído porque lhe faltou o conhecimento”, mas desconhecem o restante do texto que conclui: “porque tens deixado o conhecimento, também eu te rejeitei”. Tratar-se de uma séria advertência para todos nós. Precisamos estar informados para poder entender o plano completo do Senhor que idealiza a obra missionária.

4. Egocentrismo – Denominacionalismo. Estamos tão preocupados com nossos próprios interesses que não podemos ver, pensar ou nada fazer pelos outros. O evangelho praticado em alguns casos pode se converter em um materialismo pessoal que não tem lugar para quem está longe. O egocentrismo tem penetrado na igreja. Vivemos tempos gloriosos de crescimento nas nossas igrejas, mas temos nos deixado influenciar por um espírito de competição. Desejamos ter a maior igreja. Preocupamo-nos somente com o que pode fazer crescer nossa igreja. Esta atitude impede o envio de missionários a novos campos.
Também somos infectados pelo denominacionalismo. Só buscamos ajudar nossa denominação. Daí surge outros ismos, como o etnocentrismo, o patriocentrismo etc... Dessa forma a grande comissão torna-se inoperante em nossa vida.

5. Falta de disposição. Outro fator que prejudica o avanço do movimento missionário é a falta de disposição para o sacrifício. Vivemos em tempos onde se busca sempre o que é mais fácil. Já não queremos mais correr riscos nem padecer necessidades. Sacrificar-se a favor de algo não é virtude da pós-modernidade. Preferimos a vida fácil com a maior comodidade possível. Esta atitude afeta a igreja do Senhor. Hoje é fácil ser chamado de evangélico. Em vez de fazer esforços extraordinários para levar o evangelho a lugares mais difíceis, procuramos trabalhar onde é mais fácil. Se todos os cristãos através da história tivessem pensado dessa forma, o evangelho nunca teria chegado a nossas terras.

6. A síndrome do gafanhoto. Quando o povo de Israel estava para entrar na terra prometida, os dez espias que haviam visto a terra desanimaram todo o resto do povo. Era a síndrome do gafanhoto. Os dez viam o todo a partir de um ponto negativo. A conquista se transformou em pessimismo. Entregaram-se a esse espírito de tal maneira que perderam toda força que possuíam e se renderam indefesos à síndrome que eles mesmos haviam criado. Muitas vezes nos portamos da mesma maneira. Vemos somente as dificuldades e riscos e nos deixamos levar pelo pessimismo. Espontaneamente, decidimos:
= Não temos dinheiro
= Somos poucos
= Não temos obreiros sequer para trabalhar aqui
= Não temos a experiência necessária
= Outros podem fazer melhor

Devemos lembrar que temos muitíssimos recursos. Deus tem nos abençoado de forma extraordinária. E se isso fosse pouco lembremo-nos que podemos contar com ajuda do mesmo Senhor. Com Deus do nosso lado, podemos possuir até a terra mais difícil, como fez Calebe, aos 85 anos (Js 14 14.6-14).

7. Desconfiança - Embora alguém tenha tido alguma experiência negativa ao trabalhar com outras pessoas ou instituições, não se pode permitir um espírito de desconfiança ao aceitar o desafio de trabalhar com outras pessoas ou grupos.

Na obra missionária se necessita trabalhar com outros, sejam outras igrejas, agências, centros de treinamentos, colegas, denominações. Todo projeto novo traz certo risco. Não há alternativa. O próprio Senhor se arriscou ao convidar-nos para trabalhar com Ele. Tantas vezes temos falhado, mas Ele continua confiando em nós.

Isto não significa que não devamos nos prevenir quanto às pessoas com quem vamos trabalhar. Sim, devem ter bom testemunho e preencher os requisitos necessários para a tarefa. Mas não vamos ficar com braços cruzados diante do chamado da grande comissão. O Senhor não tem invalidado a grande comissão. Está tão vigente hoje como nos dias que Cristo a proclamou. A necessidade de voltar nossa atenção para essa chamada é urgente. A igreja em Jerusalém prestou atenção para esses impedimentos. Era prazeroso celebrar suas reuniões e ir de casa em casa com as boas novas de salvação ou o partir do pão juntos. Parece que não davam grande importância à grande comissão e não se propuseram em levar o evangelho a outras nações até que se levantou uma forte onda de perseguição.

Damos graças a Deus pelo despertar de visão missionária em muitas igrejas da atualidade. E este movimento está aumentando. Todos nós precisamos participar formando um grande exército que tem decidido levar a sério o chamado de ir por todo o mundo e pregar o evangelho a toda criatura.

Traduzido por Cyro Mello
Revista Avance, ano 14, nº 2, publicado pela
Assembléia de Deus nos EUA, para o mundo hispânico.

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