quarta-feira, 16 de julho de 2008

Fazendo Discípulos

Exemplos e características para se obter sucesso no ensino aos novos convertidos

Tem se tornado uma raridade encontrar um professor da classe de discipulado. Encontrar um professor bom é outra dificuldade. Em algumas igrejas sequer há essa classe. Mas, quando perguntamos onde os professores de discipulado se meteram, surge a questão: quem é o professor de Discipulado? Ele precisa de um preparo especial? Como ele pode ser incentivado a trabalhar nessa área? Quais as qualidades que deve ter? Quais os cuidados a observar?

Quem deve ser o professor de discipulado?
A ordem do Senhor aos seus discípulos, foi a de fazer discípulos de todas as nações. Além de entender o significado da Grande Comissão o discípulo
precisa, de igual modo, sentir-se participante dela. Portanto, em primeiro lugar, esse professor deve entender bem o significado da Grande Comissão.
Ainda nos dias atuais, alguns pensam que a ordem de “fazer discípulos” foi endereçada somente para um grupo especial, como aqueles que exercem alguma função no ministério, como evangelistas, pastores ou missionários.

Em segundo lugar, deve ser aquele que aprendeu a ser discípulo. Somente depois do reencontro de Jesus com Pedro após a ressurreição, é que ele conseguiu pregar o maior sermão da História da Igreja. Até então, ele não havia experimentado uma renovação autêntica. Podia ser considerado um bom crente, mas não um bom discípulo. Isso fica bem claro na conversa que teve com o Mestre às margens do Mar da Galiléia (Jo 21.15-17). Ele declara, por duas vezes seguidas, que considerava Jesus apenas como um bom companheiro.
Veja o que Pedro disse alguns anos mais tarde quando, de fato, aprendeu a ser um verdadeiro discípulo: “Porque não vos fizemos saber a virtude e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, segundo fábulas artificialmente compostas: mas nós mesmos vimos a sua majestade” (2 Pe 1.16). O apóstolo está afirmando que os seus ensinos não foram baseados em contos de fadas, mas os seus próprios olhos viram a glória de Cristo. Há uma grande diferença, não há?

Outro que deu um testemunho prático do seu discipulado foi João, o apóstolo do amor. Ele afirma que os seus ensinos foram baseados no que ele mesmo viu e ouviu. E ainda mais, as suas próprias mãos perceberam a presença do Filho de Deus. Observe o nível de conhecimento de João em relação ao seu Mestre, 1 Jo 1.1-3:

  • O que vimos, com os nossos olhos,
  • O que temos contemplado
  • E as nossas mãos tocaram na Palavra da vida
  • O que vimos e ouvimos, isso vos anunciamos

Permita-me mencionar outro personagem que merece nossa consideração. Jó era o homem mais justo da terra, na sua época. O próprio Deus dava bom testemunho a seu respeito, Jó 1.8. Era o juiz da sua cidade; era um homem de bem e piedoso. Lendo o livro que leva seu nome observamos as palavras poéticas que ele menciona a respeito da criação e do criador. Porém, tudo o que ele sabia a respeito de Deus era baseado em informações de terceiros. A sua experiência com o criador era muito limitada. Suas próprias palavras é que afirmam isto: “falei do que não entendia; coisas que para mim eram maravilhosíssimas, e que eu não compreendia”, Jó 42.3
Mas depois daquela provação toda que você conhece, ele teve uma nova visão a respeito de Deus. A dimensão de sua vida devocional foi ampliada 100%. Ouça ele diz: “Mas agora os meus olhos te vêem”. Jó 42.5.

Desses exemplos citados chegamos às seguintes conclusões:

  • Só podemos testemunhar com êxito o que temos certeza, baseado na própria experiência e não na experiência alheia.
  • Para ter sucesso no discipulado é necessário conhecer bem o Mestre dos mestres.
  • Podemos ser até bons ensinadores, mas sem uma experiência viva, é provável que o nosso ensino seja apenas uma comida sem sal.

    Qualidades que o professor de discipulado não deve esquecer

Confiança no poder do evangelho
Se o discipulador não acreditar completamente que o evangelho é o poder de Deus para transformar o mais miserável pecador em uma nova criatura, ele terá pouco sucesso no seu trabalho.
Ele terá que procurar somente pessoas boas para discipular.
Vale à pena lembrar alguns exemplos deixados pelo próprio Senhor.
Quem era Zaqueu?
- Era um cobrador de impostos. Ele não era santo, porque as pessoas que o conheciam criticaram Jesus por entrar na casa dele, Lc 19.7; além disso, ao se converter, disse que restituiria quatro vezes mais se houvesse defraudado alguém. Logo, fica entendido que alguns impostos não foram creditados aos cofres públicos, mas, certamente, foram para em algum paraíso fiscal.

E o filho pródigo (Lc 15.11-32)?
As características desse pródigo, conforme contada pelo próprio Jesus, sugerem que ele passou pelos seguintes estágios: Mendicância, alcoolismo e prostituição.
E quais foram as atitudes de Deus-Pai (simbolizadas pelo pai do pródigo)? Saudade, amor e urgência em receber o filho perdido – Lc 15.20. Observe que é a única vez na Bíblia que Deus, o Todo-Poderoso, se apresenta correndo. Correndo para receber o pecador que retorna para sua Casa. Isso não é comovente?

Outro bom exemplo que bem retrata o poder do evangelho é a cura e salvação do endemoninhado gadareno, Lc 8.26-39.
Quem era ele antes de conhecer Jesus?
Como ficou após o encontro com Jesus?
Observe as palavras “vestido e em são juízo, assentado aos pés de Jesus”.
Isto não é maravilhoso?

Somente o poder do evangelho faz isso! Leia Rom 1.16.

Dedicação e Perseverança
O trabalho de discipulado pode ser comprado com o trabalho de um agricultor.
O bom agricultor sabe que a semente plantada pela manhã não vai dar frutos na tarde do mesmo dia. Observe o trabalho que deve ser feito para se obter uma boa colheita:
Escolha e seleção das sementes
Escolha e preparação do terreno
Adubagem
Plantação
Irrigação (trabalho diário – às vezes tem que ser feito duas vezes ao dia)
Podadura (desbastar os galhos)
Colheita e seleção dos frutos, etc.

Já percebeu porque são poucos os professores de discipulado?
Sem dedicação e perseverança não há boa colheita.


“Sem fé é impossível agradar a Deus”, é o que está escrito em Hebreus 11.6. Então creia na atuação do Espírito Santo. Creia na transformação do pecador. Creia no poder de Deus. Creia no seu próprio trabalho. Creia que Deus irá usá-lo poderosamente. Creia que a semente lançada irá germinar. A Palavra de Deus, uma vez proferida, não voltará vazia, Is 55.11.
Não permita que a falta de resultados positivos traga desânimo ao seu trabalho.

Total dependência do Espírito Santo
Jesus dependeu do Espírito Santo. Os discípulos dependeram do Espírito Santo. Todo bom discipulador deve depender do Espírito Santo.
O discipulador precisa acreditar que o Espírito Santo é quem irá convencer o pecador e ajudá-lo no seu crescimento espiritual, através do seu trabalho.
O Espírito Santo é o maior interessado no sucesso desse trabalho.

Poderia acrescentar uma lista infindável de qualidades indispensáveis ao professor, mas entendo que essas qualidades já estão implícitas dentro do próprio processo de ensino de uma classe bíblica.

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